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quarta-feira, 16 de agosto de 2017

DF

Projeto da UnB doa prótese facial a pessoas mutiladas no DF; veja como são feitas

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Professora Aline Úrsula (à direita) auxilia estudantes na confecção das próteses faciais (Foto: Marília Marques/G1)

Estudantes de odontologia da Universidade de Brasília (UnB) estão ajudando pacientes mutilados e de baixa renda do Distrito Federal a retomar a autoestima e a qualidade de vida. Capitaneados por uma professora da instituição, eles produzem e distribuem, gratuitamente, próteses de nariz, olho, lábios e orelhas artificiais.

As peças são fabricadas no próprio Hospital Universitário de Brasília (HUB), moldadas para cada rosto (veja vídeo acima). Nas imagens, o estudante do segundo semestre de odontologia Manfredo Rodrigues, 19 anos, mostrou ao G1 como é produzida uma prótese ocular.

Os atendimentos começaram em 2005 com uma única voluntária, a professora Aline Úrsula. Formada em odontologia, a profissional teve de viajar até São Paulo para fazer a especialização em prótese dentária e implantodontia.

Ao retornar a Brasília, Aline decidiu aplicar as novas técnicas aprendidas em pessoas que não podiam pagar pelas peças. Atualmente o projeto de reabilitação de pacientes mutilados conta com 35 voluntários, entre estudantes, residentes e dentistas graduados.

“Nosso objetivo é atender a pacientes mutilados. Tentamos dar qualidade de vida a pessoas que talvez não teriam, se ainda estivessem com a mutilação à vista.”

Peças artesanais



Como o projeto não tem parceria com centros públicos de tecnologia – para a aquisição de uma impressora 3D, por exemplo –, as próteses são feitas em silicone, manualmente, pelos próprios estudantes. A professora dá suporte e acompanha cada fabricação. 
No gesso, os voluntários moldam o rosto do paciente. Com as mãos e a ajuda de instrumentos próprios, a região mutilada vai ganhando uma nova forma, feita inicialmente com cera aquecida.
As peças são testadas nos pacientes e, quando adaptadas ao rosto, seguem para a fase definitiva de confecção, em silicone ou acrílico. O trabalho é minucioso.
“Fazemos uma caracterização para deixar mais próxima do real, depois cobrimos com acrílico transparente e fica pronta para entregarmos ao paciente.”

Vida nova


O olho de acrílico que estava em fabricação no vídeo feito pelo G1 será entregue a Luiz Felipe Araújo, de 6 anos. A criança nasceu com o olho atrofiado e, quando completou nove meses de vida, recebeu a primeira prótese dos voluntários do HUB. À medida que Luiz Felipe cresce, a peça vai sendo substituída.

O garoto disse não se importar com a condição. No departamento de saúde bucal do HUB, enquanto esperava pela confecção do olho artificial, Luiz Felipe contou ao G1 sobre os sonhos para a vida adulta.

“Quero ser policial de trânsito. É uma boa profissão.”

Se tivessem que pagar pela prótese, os familiares de Luiz Felipe teriam que desembolsar de R$ 5 mil a R$ 9 mil a cada troca de tamanho. Não há uma estimativa exata de quantas atualizações são necessárias. 
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Luiz Felipe, 6 anos, usa prótese ocular desde os 9 meses. (Foto: Marília Marques/G1)

Autoestima


Há 9 anos, a dona de casa Rosilene Silva foi diagnosticada com um carcinoma (tipo de câncer) no olho, que se espalhou por todo lado direito da face. Para conter o avanço da doença, ainda em 2008, os médicos precisaram retirar o olho, a sobrancelha e a maçã do rosto da paciente.

Após a cirurgia, ela passou a utilizar um tampão, com gaze e esparadrapo, para esconder as partes mutiladas. Sem ter coragem de sair de casa, Rosilene desenvolveu depressão e parou de se olhar no espelho. "A gente fica com a autoestima baixa", disse ao G1.

“Fico muito isolada e sinto tristeza. Pensar que terei a prótese está levantando a minha autoestima. Quando eu receber, pretendo voltar a trabalhar e sair mais.”

A dona de casa vive em Brasília com um salário mínimo, fruto da pensão pela morte do marido. Segundo Rosilene, uma pesquisa feita em outros centros de saúde indicou que a prótese, na rede privada, custaria de R$ 20 mil a R$ 30 mil. Um valor que Rosilene não tem condições de pagar. 

Devido ao projeto, em poucas semanas, a paciente deve receber a peça artificial gratuitamente. Feita de silicone, a peça está em fase de confecção há quase seis meses. Nessa parte do trabalho, os voluntários tentam reproduzir, com perfeição, os detalhes do rosto: veias, pigmentação da pele, cor dos olhos e cílios.  


“Eu fico toda empolgada no dia de vir para cá, porque sei que daqui a alguns dias terei a prótese. Agora eu estou com a autoestima até altinha.”

Atendimento gratuito


A reabilitação de pacientes mutilados é realizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita. Para ser atendido no HUB, o interessado deve, incialmente, buscar o atendimento na rede pública de saúde do Distrito Federal.

A indicação para o tratamento com próteses é feita, obrigatoriamente, por alguma unidade pública de saúde do DF, que encaminha o paciente ao HUB, via sistema de regulação.

No Hospital Universitário de Brasília a equipe realiza, em média, 20 atendimentos por semana. Cada paciente retorna de 3 a 4 vezes para dar continuidade ao processo.

O G1 entrou em contato com a Secretaria de Saúde para saber quantos atendimentos oficiais são feitos nesse setor e qual é a fila de espera por uma prótese facial – para além da ação dos voluntários. Até a publicação desta reportagem, a pasta não tinha enviado resposta. 

G1  DF