26
de julho, Dia dos Avós
Dos
momentos de carinho e dedicação entre avós e netos, a leitura garante o aumento
do afeto entre os dois. A avó Maria Liz Cunha, professora da Universidade Católica
de Brasília (UCB), adora ler livros para os seus netos Isabella e Gabriel. E,
entre os livros lidos para o Biel, como é chamado, há um preferido: Vovó sabe tudo sobre asma.
A ilustração
conta a historinha de um menino que presencia seu melhor amigo tendo uma crise
de asma na escola e, sabendo que a sua avó é enfermeira, em casa a questiona
tudo sobre o que é a doença e o que fazer para ajudá-lo.
A história infantil
ilustrada, que vai se desencadeando nas explicações da avó sobre a asma, é a
favorita do Gabriel, que, aos 6 aninhos, diz para a avó que “será médico quando
crescer”, e de fato o contexto transformado em livro foi vivido pelo seu melhor
amigo, o Miguel.
A
professora do Programa de Mestrado e Doutorado em Gerontologia da UCB ressalta
que ser avó é também aprender com os netos. “A minha relação com eles permite
contato com uma geração muito mais nova, o que inclui os amigos deles,
consequentemente, uma abertura a novas ideias, um novo vocabulário e o manuseio
com a tecnologia de modo simplificado”, observa.
O
livro Vovó sabe tudo sobre as
O
primeiro livro infantil de uma série de três sobre saúde, Vovó sabe tudo sobre asma é dedicado ao empoderamento das crianças
e resgata a figura da avó contando para o neto como ocorre a asma. Foi pensado
para crianças de 8 a 12 anos, com base em uma pesquisa do Programa de Mestrado
e Doutorado da UCB. “É importante que a criança saiba sobre a própria saúde. E
mesmo meu neto tendo apenas 6 anos ele amou a história. Toda hora pedia que eu repetisse”,
comemora a avó autora.
O
próximo livro da coleção é sobre hepatite B e C e gira em torno da primeira ida
ao salão de beleza de minha neta Isabella, irmã de Gabriel. Nele, também
baseado em acontecimentos reais, a vovó ensina como ocorre a transmissão de
hepatite em salão e os cuidados que uma menina mulher deve ter para não se
contaminar.
A importância da relação
entre avós e netos no período da infância
A pediatra Alessandra
Ribeiro Ventura Oliveira, professora do curso de Medicina da UCB, explica que é
muito importante o vínculo geracional entre avós e netos em qualquer período da
vida, em especial na infância. A pediatra desenvolveu sua dissertação de
mestrado com base em uma pesquisa que avaliou “a relação entre avós e netos no
período da infância”.
Em 2015, foi validada uma
classificação de estilos de avós no Brasil com netos adolescentes, baseados em
avós indulgentes, negligentes e autoritários.
Ventura aponta, em sua dissertação, o grau de participação e satisfação de avós
voluntárias em relação aos seus netos no período da infância. “Nas trocas
geracionais, as avós atuais têm características diferentes daquelas de gerações
anteriores. As avós mais jovens tendem a ser divertidas e participantes,
enquanto as mais velhas são mais distantes e demandam ajuda por parte dos
netos. As avós tendem a ser ativas e participantes, a se comprometerem
preferencialmente com os aspectos emocionais e a saúde dos netos”, esclarece.
A doutora Alessandra
também afirma que a desobediência e o crescimento dos netos são fatores que
representam sofrimento para as avós. “Cem por cento das entrevistadas sentem a
perda de contato com os netos à medida que eles crescem”, afirmou. “O contato
diário com o neto traz um grau de satisfação muito grande aos avós, pois aumenta
os efeitos positivos desta relação”.
A distância entre a
moradia da avó e dos netos pode ser fator influenciador na solidão, porém a
comunicação aparece na pesquisa como um importante objeto de ligação entre avós
e netos. É o caso da professora Maria Liz Cunha, que tenta construir da melhor
forma possível a relação avós e netos, mesmo à distância.
Com os netos morando no
Rio de Janeiro, a professora Maria Liz curte Isabella e Gabriel basicamente nas
férias e nos feriados prolongados. A avó garante que, no auge da tecnologia,
essa distância é amenizada. “Sou muito presente na vida deles, principalmente
com o advento do celular e whatsApp nos falamos todos os dias”.
As
férias que estão programadas para passar com a avó, aqui em Brasília, já
têm até programação. “Gostamos de fazer bolo e cozinhamos
juntos, ensino coisas do dia a dia para eles”, adianta a avó
participativa.
Foto: Faiara Assis
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Fonte: Imprensa UCB