quinta-feira, 25 de maio de 2017

ECONOMIA

IPCA-15 em 12 meses atinge menor 

nível em quase 10 anos, a 3,77%


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No mês, índice ficou em 0,24%, acima da expectativa de analistas de mercado Foto: Reprodução


O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação mensal, nos últimos 12 meses encerrados em maio, se afastou ainda mais da meta do governo para inflação geral no fim do ano (4,5%), ficando a 3,77%. É a primeira vez que o resultado nessa comparação fica abaixo de 4% em quase dez anos, atingindo o menor nível desde julho de 2007, quando ficou em 3,71%. O resultado é positivo para a continuação do ciclo de redução da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central – um processo que desde a semana passada tem sido questionado diante da incerteza política instaurada com a divulgação de delações que atingiram em cheio o presidente Michel Temer.
Na passagem de abril para maio, o IPCA-15 registrou alta de 0,24%, segundo os dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), valor muito inferior aos 0,86% registrados no mesmo mês do ano passado.
O resultado veio ligeiramente acima da expectativa de analistas de mercado. Segundo a Bloomberg, economistas estimavam um resultado de 0,20% para o IPCA-15 do mês; e de 3,73% em 12 meses. No acumulado do ano, o IPCA-15 de maio ficou em 1,46%.
— Acho que do ponto de vista da política monetária, a inflação está sob controle. A prova disso é a taxa de 12 meses quase fechando o primeiro semstre de 2017 abaixo de 4,5%. Isso está em linha com o que esperamos para este ano — afirma André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas. — Agora o cenário político cria algumas incertezas, pois mexe com a taxa de câmbio, agências de risco que podem aumentar o risco de obter investimentos no Brasil. Isso tudo pode criar uma rigidez maior à queda inflação, mas acho que será moderada.
Braz afirma que o cenário de crise política não deve interferir de maneira definitiva na trajetória de queda dos juros para não piorar mais ainda a situação da economia do país:
— Toda essa instabilidade atrapalha a parte fiscal que ajuda na recuperação da economia, mas não vai atrapalhar a parte monetária. Talvez o ritmo de corte de juros dê uma desacelerada, mas não vão piorar mais a situação, desde que a situação da inflação continue bem avaliada, como no momento. Não há nada no radar que faça os analistas reverem essa projeção.

Segundo Marcio Milan, economista da Consultoria Tendências, apesar dos eventos políticos recentes, a expectativa é de o Banco Central mantenha o processo de redução da Selic, ainda que novos patamares para a taxa neste e no próximo ano sejam repensados:
— Os eventos reforçam que o momento é muito envolto de incerteza e, nesses casos, cabe sempre uma postura mais cautelosa da autoridade monetária — afirma o especialista, acrescentando que a avaliação da Tendência é de redução de 1 ponto percentual na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do BC, na próxima semana.
REMÉDIOS TÊM ALTA; COMBUSTÍVEIS, QUEDA
O grupo que teve mais impacto no índice de maio, pelo segundo mês consecutivo, foi Saúde e Cuidados Pessoais, com alta de 0,84%. Essa influência foi puxada pela alta de 2,08% nos preços de remédios, cujo reajuste anual entre 1,36% e 4,76%, conforme o tipo de medicamento, passou a valer a partir de 31 de março.
Em seguida, o grupo Vestuário teve alta de 0,74%. Os Alimentos e Bebidas avançaram 0,42% em maio. As principais altas foram nos preços da batata-inglesa (16,08%), tomate (12,09%) e cebola (9,15%). Já outros itens, como ólego de soja, açúcar cristal e feijão carioca registraram queda de 5,81%, 3,03% e 2,52%, respectivamente.
— O que está pesando na inflação são os alimentos, que dependem mais de condições de safra, muito bem avaliadas para 2017. Se o clima não pregar alguma peça este ano e o câmbio não sofrer algum avanço abrupto, o que vai conduzir a meta para ficar abaixo de 4,5%, é o grupo de alimentos — sustenta Braz. — Acho provável que a gente tenha essa ajuda da agricultura e uma inflação abaixo de 4,5%.
O grupo Transportes foi o único a registra queda nos preços, de 0,40%. O resultado, explica o IBGE, se deve à redução de 1,12% no valor dos combustíveis, com destaque para o litro da gasolina, que ficou 0,85% mais barata, e do etanol, que caiu 2,48%. O preço de passagens aéreas também registrou forte recuo, de 11,42%, exercendo forte impacto negativo no IPCA-15.
A energia elétrica residencial teve queda de 0,30% no IPCA-15, ainda devido ao desconto nas contas de luz concedido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para compensar os consumidores pela cobrança indevida, em 2016, do chamado Encargo de Energia de Reserva (EER) destinado a remunerar a usina de Angra III. No entanto, os economistas afirmam que a expectativa é que, no resultado final da inflação de maio, o item volte ao terreno positivo como reflexo do "fim" dessa redução.

POR CIDADE
O IBGE analisa os preços de 11 regiões metropolitanas do Brasil. Recife registrou a maior alta em maio, de 0,65%, seguida de São Paulo (0,38%) e Porto Alegre (0,27%). Belém e Goiânia foram as únicas cidades analisadas com queda nos preços, de 0,04% e 0,22%, respectivamente. O Rio de Janeiro teve alta de 0,20%.
Já nos últimos 12 meses, Fortaleza tem o índice mais alto, de 5,31%. Em seguida vem Recife (5,10%) e Rio de Janeiro (4,41%). O IPCA-15 mais baixo nessa comparação fica com Goiânia (1,94%) e Curitiba (2,37%).
Em abril, o IPCA-15 em 12 meses, a 4,41%, ficou abaixo da meta do governo pela primeira vez desde janeiro de 2010. O índice mensal foi de 0,21%.

Fonte: O Globo

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